quinta-feira, 19 de março de 2009

Nada, nadinha, Zé!

Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra. (…)
Sabe Zé, no começo doeu não sentir nada. Mas eu consegui. Eu não sinto nada. Nada. (…)
Nem pena do mundo eu consigo mais sentir. Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa. (…)
Eu queria te dizer que eu sinto muito, Zé. Mas eu não posso te dizer isso porque a verdade é que eu não sinto mais nada. Nadinha, Zé.

(Autoria desconhecida)

Um comentário:

Cih disse...

Texto da Tati Bernardi. Ela não escreve, ela desenha sentimentos... Dá só uma olhada: http://www.tatibernardi.com.br